Friday, October 30, 2009
FIZEMOS AMOR
Em frente ao espelho olho-te o rosto que seduz
Em suave sintonia com a fosca vela que produz
Serena silhueta na tua sombra que baila na parede
Dos teus lábios carnudos soltam-se suavemente
Gemidos de paixão, desejando-me ardentemente
Qual esponja embebecida que me mata a sede
Afogo-me em teus seios, beijando-os com furor
Mordo-te o ventre, as carnes e a alma com amor
Entre vãs palavras que por si só não dizem nada
Corpos nus entrelaçados em comunhão de beijos
Orgasmo triunfal entre os sussurros, os desejos
E este fatal prazer por ver-te assim apaixonada
Sinto-me em ti, sinto o teu corpo estremecer
Roço-te ao ouvido a voz que teima em enrouquecer
Desafiando-te a uma entrega total com confiança
Amanheceu. Abraçados vimos o sol beijar a terra
Em plena apoteose na partilha, em cada entrega
Fomos Amor! Seremos futuro? Somos esperança...
Francisco Vieira
Amar e....
EU QUERO AMAR PERDIDAMENTE
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder ... pra me encontrar...
Florbela Espanca
SONHOS
Thursday, October 29, 2009
ALTANEIRA
Nao sei quem sou
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Tuesday, October 27, 2009
SAUDADES
Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
Monday, October 26, 2009
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