Thursday, April 22, 2010


Às vezes oiço rir, é ’ma agonia
Queima-me a alma como estranha brasa
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n’alma o fogo que m’abrasa!

Tenho sede d’amar a humanidade…
Eu ando embriagada… entontecida…
O roxo de maus lábios é saudade
D'uns beijos que me deram n’outra vida!

Ei não gosto do Sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
Que só saber chorar, de ser assim…

Gosto da noite, imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim
!


Florbela Espanca

2 comments:

  1. Andas muito romantica :-)
    Se gostas de Florbela Espanca, aconselho-te este:


    Os meus versos

    Rasga esses versos que eu te fiz, Amor!
    Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
    Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
    Que a tempestade os leve aonde for!

    Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
    Que volte ao nada o nada de um momento!
    Julguei-me grande pelo sentimento,
    E pelo orgulho ainda sou maior!...

    Tanto verso já disse o que eu sonhei!
    Tantos penaram já o que eu penei!
    Asas que passam, todo o mundo as sente...

    Rasgas os meus versos... Pobre endoidecida!
    Como se um grande amor cá nesta vida
    Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...

    Florbela Espanca

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  2. Ola Francisco,

    Quanto ao romantica...deve ser do tempo :)
    Obrigado pelo poema, e muito bonito, ja o conhecia e gosto muito... Florbela Espanca 4ever :)

    Beijocas amigo e bom fim de semana

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Sonho, porque o sonho comanda a vida....